Namorados usam tecnologia para ficar próximos

Pesquisa mostra que jovens acreditam que apps e redes sociais têm impacto positivo nos relacionamentos

Muitos acham que a tecnologia separa as pessoas. Que os smartphones criam bolhas de interação isoladas, transformando seus donos em pessoas antissociais.

Mas muitos casais discordam. Pesquisa recente do Pew Research Center feita nos Estados Unidos aponta que 41% dos casais jovens, que têm entre 18 e 29 anos, sentem-se mais próximos dos parceiros por causa de recursos tecnológicos, como ferramentas on-line ou mensagens de texto. Já entre os casais que acreditam que a internet tenha algum impacto na sua relação, 74% a veem como algo positivo.

É o caso, por exemplo, da editora de livros didáticos Paula Elias, 28, e do namorado Felipe Morcelli, 30, programador. "Heavy Users" (usuários viciados, como se denominam) de apps e redes sociais, consideram o celular seu "terceiro braço".

E acharam, na tecnologia, um modo de conciliar os gostos que pouco tinham em comum. Ela, que adora a cantora Lady Gaga, conseguiu encontrar no Spotify, uma plataforma de transmissão de músicas, bandas para ouvir com Felipe, um fã de Heavy Metal.

Compartilham uma planilha de Excel com filmes que têm interesse em ver juntos. E sentem-se mais perto apesar de morarem longe, uma vez que trocam mensagens pelo celular o dia todo. Introvertidos, preferem pedir comida em casa, pelo iFood, a sair para jantar. Paula conta que até na hora de dar um presente trocam links do que querem ganhar "para não ter erro".

A editora Paula Elias e o programador Felipe Morcelli, que trocam mensagens de celular o dia todo para driblar a distância e usam e abusam de aplicativos e redes sociais
A editora Paula Elias e o programador Felipe Morcelli, que trocam mensagens de celular o dia todo para driblar a distância e usam e abusam de aplicativos e redes sociais

A percepção geral é de que a internet virou um facilitador para conhecer pessoas: 59% dos entrevistados acreditam que sites de relacionamento são um bom jeito de iniciar um namoro.

E de fato está acontecendo: hoje, 27% dos entrevistados que têm entre 18 e 24 anos conheceram seus parceiros on-line. Em 2013, eram 10%. O mesmo ocorre entre os mais velhos. Hoje, 12% dos adultos entre 55 e 64 anos conheceram seus pares na internet. Em 2013, eram 6%.

Ainda assim, 20% dos entrevistados ainda acham que a internet tem um impacto negativo nos seus relacionamentos, e 25% reportaram já ter achado o parceiro distraído, por causa do celular, enquanto estavam juntos.

A consultora e professora na área de educação e inovação Martha Gabriel acredita que a tecnologia permite aos casais se relacionarem com mais profundidade. Segundo ela, o recurso pode se tornar um malefício se o usuário não souber separar esse uso das outras tarefas do dia a dia, prejudicando sua rotina e interação com qualquer pessoa. "O problema do relacionamento não é a tecnologia, mas o modo como você a usa", ensina.

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